terça-feira, 14 de março de 2017

Moana voltou!

Moana, o filme
Assistimos a esse filme num dia muito especial. Nele, fui dar uma aula a convite de um amigo e utilizei um desenho animado. Após essa aula Marina e eu fomos assistir ao Moana e algumas horas depois ao A Bailarina. Tínhamos assistido a três filmes em locais diferentes no mesmo dia e minha filhota estava extasiada com tamanha aventura!

Começamos a análise de qual era melhor em quê. No final das contas, três dias depois, Moana ganhou.

Moana é destemida
            começa com M
            adora o mar, 
            ouve o mar chamá-la
            é morena
            gosta de história antigas
            ama sua família
            é obediente (até onde consegue)
            é corajosa, sente medo, chora, desiste, resiste, existe!
 
Ela e a amiga dividem o "colar da amizade"
Marina chegou em casa com um adesivo de Moana, que ganhou de sua melhor amiga. 
- Mãe, ele tem que ficar perto da gente, à noite, igual ao Ginble (ursinha que dorme numa caminha ao lado da bicama.
Eu, cá em minhas orações _/\_ "Na parede, não! Na parede, não!". 

- Mãe! - os olhos brilhando de extrema felicidade! - Aqui! Posso colar na sua cama? Porque aí fica todo mundo junto, na sequência: você, Moana, eu e a Ginble!
- Pode, pode colocar.

E assim foi que começamos a dormir juntas, as quatro.

No último Carnaval cedi nosso apartamento para uma prima, seu marido e dois filhos (meninos) ficarem, já que estaríamos fora. Troquei todos os lençóis cor-de-rosa e até comentei com o pai dos meninos que fiz isso porque alguns coleguinhas da Marina chegam ao cúmulo de não lanchar quando o iogurte é de morango porque é cor-de-rosa! O pai, que já serviu ao exército, disse que lá não tem disso, não, que é besteira demais.

Passou o Carnaval e retornamos para casa.
- Mãe! Mããããe! Arrancaram a Moana!

Eu estava na sala, tentando arrumar nossas tralhas e lembro de ter pensado se eu teria arrancado ("Não, eu não faria isso") ou se teria descolado um pouco. Fui até o quarto e o adesivo estava totalmente retirado. Olhei todos os demais cômodos para ver se algo mais estava diferente. Nada. Nada além da tristeza e indignação da minha filha, nada além da palavra misoginia que não saía da minha cabeça.

- Mãe, fale com a mãe deles, ela é sua prima, isso não se faz, oxe! Ela não tava mexendo com ninguém! E a casa nem é deles!
- Eu sei, Marina, você está certa, vou falar depois.

Várias vezes no dia minha filha perguntou "Já falou? O que ela disse?" e no final do dia resolvi retomar o assunto, antes de dormir. Só Deus e meu estômago sabem a raiva que eu estava sentindo com o que eu considerava falta de respeito + vandalismo caseiro + misoginia pulsante.
- Olhe, quando uma coisa assim acontece com a gente...a gente precisa aprender alguma coisa com ela. Você não ficou triste e com raiva? Se a gente não aprender nada, só vai desperdiçar ainda mais os minutos de vida que a gente tem. Vamos pensar e cada uma diz uma coisa que aprendeu. Achei que ela realmente fosse pensar, mas mal fechei a boca e a resposta veio
- Aprendi a nunca mais emprestar minha casa - putz, que vontade de rir!
- Isso não vale. A responsabilidade pela casa é minha, tem que ser uma coisa tua, que mudou dentro de você, que você aprendeu, que vai usar de novo de um jeito bom. - Respirei fundo! - Vamo lá... eu, por exemplo...(pausa gigante)...aprendi que quando estiver com raiva não devo falar com a pessoa que me deixou assim, senão pode sair muita besteira, por isso não falei com a prima ainda.
- Mãe...
- Oi...
- Só consigo pensar que não quero eles aqui e não quero outra Moana porque nenhuma vai ser ela.
- Tem razão, meu amor, nenhuma vai ser ela.
 
Moana refeita
No dia seguinte encontramos os pedacinhos do adesivo pelo chão do quarto, debaixo dos móveis e Marina foi montando a boneca com uma paciência que eu nunca pensei que ela fosse capaz.

Cerca de 10 dias depois Marina me pergunta
- Mãe, ainda tá com raiva da tua prima?
-...não...
- Então pronto, manda a mensagem dizendo o que os filhos dela fizeram e diz que não venham mais aqui.
- Marina, eu vou mandar a mensagem porque acho que ela deve saber, mas quanto a não vir mais aqui é uma decisão minha.

Por mais que eu pense, não consigo entender. Um garoto de 9 anos e outro de doze! Numa casa que não é a deles, no quarto que lhes foi cedido pela menina com quem brincaram e riram até a hora da despedida, uma menina que não conheciam e por quem não nutriam qualquer sentimento. Acontece que aquele quarto daquela menina, a partir do momento que passou a ser deles, passou a ter lei: nenhuma menina entra. Principalmente uma Moana!

E justamente por seu quem é, ela foi refeita e continua conosco. Ainda não falei com a mãe dos meninos e meu intuito é o de deixá-la ciente do que houve, cabe a ela e o marido decidirem o que fazer. Estou calma para escrever, mas se for falar...afff...não tem peneira que segure!


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