quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Quando um esmalte não é apenas um esmalte

Esmalte licenciado - Mauricio de Sousa
Tentarei explicar, com este exemplo, porque não compro produtos com imagens de personagens de desenhos animados, de histórias em quadrinhos, ou licenciados de qualquer forma.

1º. Quem lê gibi A Turma da Mônica? Crianças, adolescentes, adultos...?
2º. Quem é o público-alvo dos produtos com os personagens da Turma da Mônica? Crianças, adolescentes, adultos...?
3º. Quando minha filha de 6 anos, se lesse gibis da Mônica, visse o esmalte da foto acima:
a) ela gostaria de tê-lo, por ter ligação afetiva com as personagens;
b) ela entenderia que esmaltes não devem ser usados por crianças;
c) o esmalte não chamaria a atenção dela.

Aí os defensores do Mauricio de Sousa e seus produtos licenciados usam o exemplo das frutas. "As crianças irão querer comer a maçã da Mônica e isto é saudável". E também vão querer comer o Macarrão tipo Miojo, usar esmalte com 6 anos de idade, sandálias de salto, maquiagem, etc etc etc. Não!? Por que não?

Procuro evitar que o AFETO e a IDENTIFICAÇÃO que minha filha sente por determinados personagens dos quais ela gosta sejam manipulados a ponto de ela ser LEVADA A QUERER qualquer coisa que esteja com a IMAGEM daquele personagem.

Elsa e Ana, as irmãs do filme Frozen

Nós amamos o filme Frozen. Marina é a Elsa e sou a Ana. Quantas vezes ouvi zilhões de pedidos para comprar algo de todos os personagens do filme, visto que somos fãs de todos eles? Até que um belo dia passávamos em frente a uma vitrine e havia uma camiseta linda com a figura da Elsa. Fomos fisgadas pela imagem e minha pequena, como que hipnotizada, foi se encaminhando para lá, colocou as duas mãos no vidro e falou, para si mesma:
- MEU-DE-US! Nós não compramos produtos licenciados e isso É-LIN-DUUU!
Virou-se para mim:
- MÃE!
- Vamos entrar e ver de perto, parece linda... (putz, eu estava morrendo de vontade rir com a frases "Não compramos produtos licenciados")

A camiseta era de boa qualidade, podíamos comprar e era (é) linda mesmo, então expliquei porque estávamos comprando. Inclusive a comparamos com outros produtos e optamos por este mesmo. Já comprei duas roupas com imagens de desenho animado porque não assistimos TV então não sabia do que se tratava.
Assim sendo, abro exceções. Em casos específicos e muito raramente.

Mesmo sem vermos TV em casa ela tem contato com outras crianças, que mostram seus brinquedos "da moda", vê TV na casa de parentes, o apelo está em praticamente cada gôndola de supermercado, loja, escola, ônibus, enfim...conte quantas crianças passam por você com uma roupa estampando UMA Princesa da Disney em uma hora de caminhada pelo comércio de sua cidade ou em algum shopping ou mesmo num free day na escola de sua cria!

Este é o meu motivo. Não estou dizendo que seja o melhor caminho para todas as pessoas e que isso vá ser a salvação para que minha filha não caia numa rede de consumismo. É a MINHA ESCOLHA. 

ESCOLHA.

Daí quando alguém diz que não quer que o Governo tire a publicidade infantil da TV porque não quer que O GOVERNO ESCOLHA ela não percebe que quem está definindo a escolha de suas crias é a indústria-do-consumismo-infantil.
A propaganda não deixará de ser veiculada, mas deve ser veiculada para quem tem discernimento para escolher, para quem o dinheiro para comprar e decidir, ou seja, os adultos. Não vou entrar na discussão para lá de rasa sobre o que os pais - ops, as mãe, sempre as mães, tinha esquecido - permitem que seus filh@s vejam e queiram. Até entro nessa se alguém me disser que não é nada demais  o fato de o Brasil ser o SEGUNDO PAÍS NO MUNDO EM QUE AS CRIANÇAS PASSAM MAIS TEMPO DIANTE DA TV POR DIA.

Já me estendi demais e até saí do foco, mas vou deixar a meada para fazer outra laçada mais tarde, noutra postagem e também para vocês deixarem suas opiniões aqui nos Comentários.

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